quinta-feira, 3 de julho de 2014

Finlandeses recriam cerveja de 170 anos, a mais antiga já encontrada


 



Há pouco menos de quatro anos, em outubro de 2010, os cerca de 500 habitantes de Föglö, vila situada no arquipélago de Åland, território autônomo da Finlândia, viram sua minúscula área, 90% composta de água gelada e gelo, se tornar o centro das atenções do mundo. Mergulhadores finlandeses e suecos descobriram restos de um navio que naufragou por lá em 1842. Repousando no leito marinho a 50 metros de profundidade, 145 garrafas de champanhe e cinco de cerveja que são as mais antigas já encontradas.

Segundo o diário eletrônico Stockholm News, depois de resgatadas, uma das garrafas, que estava trincada, se quebrou, derramando o precioso líquido dourado claro. Provavelmente pela observação (não fica claro se eles arriscaram uma provadinha), os pesquisadores concluíram que se tratava de cerveja. Outras duas garrafas foram abertas, posteriormente, para análises físico-químicas.
De acordo com os especialistas, a temperatura e a escuridão do fundo do mar "otimizaram a armazenagem", e a pressão do gás no interior das garrafas evitou que a água salgada entrasse pelas rolhas. Ainda assim, as amostras "não resistiram bem ao teste do tempo", como disse um pesquisador à Agência Reuters.


 



Mas cientistas do Centro de Pesquisas Técnicas (VTT, na sigla original) da Finlândia, em parceria com a cervejaria finlandesa Stallhagen e a Universidade de Leuven, na Bélgica (um dos centros de pesquisa e ensino sobre cerveja mais respeitados do mundo), conseguiram trazer de volta a vida a cerveja náufraga - ou uma versão bem próxima dela, de acordo com o jornal The Helsinki Times.



Batizada, burocraticamente, de Stallhagen Historic Beer 1842, a cerveja utiliza em sua receita microorganismos retirados com vida das garrafas do navio, mesmo após quase dois séculos. Parece-se, segundo a descrição do mestre cervejeiro da Stallhagen, Mats Ekholm, com uma cerveja belga de "fermentação selvagem" – em que não há intervenção direta do cervejeiro na seleção dos microorganismos responsáveis pela fermentação.

O estilo a que Ekholm se refere, de acordo com os principais guias de classificação de cervejas, tem um perfil de aromas e sabores mais ácidos e frutados. As análises químicas conduzidas pelos pesquisadores apontaram indícios de que ela poderia ter traços de amêndoas, cravo e rosas.

Apreciar toda esta riqueza, porém, será privilégio de poucos. As 2.000 garrafas numeradas estão sendo vendidas desde a semana passada, a € 113,50 cada, nos cruzeiros da companhia Viking Lines. Ou melhor, 1.999 garrafas, já que a de número 1 ficou para ser leiloada via Facebook; os recursos levantados seriam repassados a novas pesquisas arqueológicas marinhas.

A origem do navio e das bebidas ainda está envolta em mistério.

— Algo pode ser deduzido do fato de que a cerveja estava engarrafada, porque naquele época, a cerveja era geralmente guardada em barris. Deve ter sido uma cerveja mais fina — especula a diretora de marketing da Stallhagen, Kristiina Kurki-Suonio, em entrevista ao "Helsinki Times".

Fonte: O Globo

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